Psicologia para além das aulas!
Neste separador colocarei todos os materiais, como filmes, livros, séries, notícias, entre outros, que se relacionam intimamente com algum tópico abordado durante as aulas de Psicologia!
Filme: Split - Fragmentado
Para quem não conhece o filme que será retratado, deixo aqui um breve trailer:
Síntese
O filme retrata a vida de um homem, Kevin, que vive com 23 personalidades distintas dentro do seu corpo, que se vestem, pensam e conversam de formas distintas. Kevin, devido à sua síndrome é rejeitado pelo maior parte da população, apenas possuindo uma pessoa em quem confia, a sua psicóloga e única amiga, Karen. O corpo de Kevin, desde o início do filme é somente controlado pelas suas múltiplas personalidades, que o fazem cometer cenas desumanas, tais como o rapto ou mesmo a tentativa de violação de menores, sem este se dar conta. Um argumento a favor desta inocência de Kevin é que a única vez que Kevin realmente controla todo o seu corpo é quase no final do filme, onde ele pergunta se ainda era 2014! Kevin, tal e qual como já foi explicado, rapta três amigas, Claire, Marcia e Casey, prendendo-as num quarto fortificado por baixo das instalações de um zoológico encerrado, onde vivia. Estas três amigas irão conhecer maior parte das suas personalidades, estando mais presente Dennis, líder sádico, Patricia, uma mulher bastante educada e leal para com as outras personalidades, e Hedwig, um rapaz de nove anos inocente e que adora conversar com as raparigas. Barry, a personalidade de Kevin que comanda quem é que vai encarnar o corpo de Kevin, pede constantemente a Karen para a ir visitar, já que se sentia instável... Um dia, quando Karen começa a suspeitar de Kevin e das suas ações bastante controversas, decide ir visitá-la ao local onde residia, deparando-se com o tal zoológico abandonado.. No entanto, é nesse exato momento onde Kevin ganha uma nova personalidade, A Besta, incontrolável, com uma raiva insaciável daqueles que o colocarão de parte (sociedade) e quase imbatível, que irá tentar matar todas as raparigas e ainda a sua única amiga, Karen... No final do filme apenas Claire é capaz de escapar.
Mas porque é que Split - Fragmentado se relaciona com a Psicologia?
Série: Criminal Minds - Mentes Criminosas
Para quem não conhece, Mentes criminosas é uma série de televisão Norte-Americana, que fala e retrata a vida de um esquadrão de elite da FBI em que a sua principal função é estudar as mentes dos maiores criminosos dos Estados Unidos.
Síntese
A série, tal e qual como já foi explicada, retrata a vida e o ofício de um esquadrão de elite constituído por diversos policias, onde a sua principal missão é estudar profundamente as mentes dos maiores criminosos locais com o objetivo de anteceder todos os seus passos por forma a manter em segurança todos os residentes dos Estados Unidos. Esta série relata a história verídica de uma grande equipa policial, pertencente ao FBI, a BAU (Behavioral Analysis Unit), ou em português UAC (Unidade de Análise Comportamental) com sede em Quantico, Virgínia. Esta equipa é constituída por diversos elementos e estudam as mentes criminosas mais perigosas dos Estados Unidos por meio de um método bastante frequente, modus operandi, ou seja, operando e agindo numa certa circunstância sempre com base nos mesmos procedimentos. Nos diversos episódios, esta equipa da FBI estuda as evidências de um crime e, consequentemente, chega a uma lista de suspeitos, raramente com base em evidências de laboratório, mas sim com base na análise do comportamento do criminoso, assim como o meio onde vive, as ações e as decisões que toma, a reação a certa emoções e sentimentos, entre muitas outras, por forma a chegarem à forma como o criminoso realmente pensa, podendo anteceder desta forma as suas ações mesmo antes de as terem praticado...
Mas porque é que Criminal Minds - Mentes Criminosas se relaciona com a Psicologia?
Tal e qual como a disciplina de Psicologia, o objeto de estudo desta equipa fabulosa da FBI é os comportamentos humanos e os processos ou experiências mentais deste mesmo indivíduo. Baseiam-se nos contextos sociais, no grupo cultural, no estado de saúde, na religião, entre muitos outras características, para conseguirem estudar a mente e perceberem os comportamentos destes criminoso tão temidos. Para além disto, esta equipa da FBI pretende ainda descrever explicar os comportamentos dos indivíduos e a sua forma de pensamento, podendo assim prever e controlar ou alterar todas as ações deste criminosos. Por fim, esta equipa baseia-se principalmente no estudo da mente humana, privilegiando muitas das vezes os seus métodos às análises laboratoriais, estudando a mente humana profundamente... Desta forma, e devido à mente humana variar de forma drástica de pessoa para pessoa, os seus métodos, a análise da situação de um indivíduo, as descrições e explicações da forma de ser e de agir um indivíduo têm de ser aplicadas a cada vez que um novo criminoso surge, não havendo assim nenhuma base já construída que possa ser utilizada para os diversos indivíduos, contrariamente ao que acontece em muitas outras ciência para além da Psicologia.
Filme: Joker
Para quem não conhece o filme que será retratado, deixarei aqui um pequeno trailer:
Síntese
O filme retrata a vida de um dos vilões mais conhecidos da empresa DC Comics, Joker. O filme retrata um indivíduo que sofria de uma doença neurológica, Arthur, vulgarmente conhecido por Joker, que, devido ao insucesso na sua carreira e ao desprezo que sofria pela sociedade é levado à loucura, envolvendo-se numa vida de crimes, como o assassinato em autodefesa e, posteriormente, apenas por diversão com uma máscara de palhaço, e caos. Arthur sofria de um problema neurológico que o fazia rir em momentos inusitados, como quando era espancado ou como quando estava numa angústia existencial, participando de um serviço social que o ajudava a adquirir remédios para os seus comportamentos inusitados. No entanto, pouco tempo depois, Arthur fica sem essa assistências social e deixa de ser ajudado por profissionais. Arthur vivia apenas com a sua mãe, Penny, na cidade de Gotham, que mais tarde descobrirá que na verdade é uma mãe adotiva e que também possui problemas mentais, afirmando-lhe que o seu pai era Thomas, o candidato a perfeito da cidade de Gotham e bilionário. Quando Arthur descobre fica enraivecido e dirige-se ao hospital onde sua mãe havia sido internada momentos antes para matá-la e roubar todos os ficheiros do cadastro de Arthur e de sua mãe... Arthur, na tentativa de prosseguir o seu sonho como comediante, tenta fazer um stand-up, no entanto é gozado por tudo e por todos. Desta forma, Murray, um comediante super conhecido na cidade de Gotham, convida-o para o seu show de TV para fazer troça dele. Joker prepara as suas piadas e a sua entrada no show durante "séculos". Porém, momentos antes de entrar no programa Joker decide usar uma máscara de palhaço, a mesma que fez os assassinatos, com um único objetivo, vingar-se daqueles que o troçaram e gozaram durante bastante tempo, fazendo justiça aos seus olhos. Após a entrada na TV, Arthur conta as suas piadas e dispara várias vezes em Murray, sendo após isso prezo... No entanto, este movimento de Arthur leva a que as manifestações contra os ricos de Gotham, que já aconteciam antes, se intensifiquem, levando ao caos completo nesta cidade. No final, Joker aparece a ser interrogado no manicómio de Gotham (Arkham Asylum).
Mas porque é que Joker se relaciona com a Psicologia?
À semelhança de Split - Fragmentado, comentado anteriormente, o filme Joker também retrata um indivíduo que sofria de problemas neurológicos e que, devido a isto, era excluído e maltratado por toda a sociedade, vivendo com medo de se mostrar para a sociedade e incapaz de realizar os seus sonhos, tornar-se comediante. Estas doenças são estudadas não só pela Biologia, mas também pela Psicologia, como o estudo do cérebro humano, as relações interpessoais e como é que estas podem afetar o comportamento deste indivíduo numa sociedade, entre outros tópicos. Para além disto, ainda é estudado a necessidade de colocarem as pessoas em "caixas" e "catalogá-las", tal e qual como o filme anteriormente falado, apenas para se encaixarem na nossa sociedade...
Vídeo: "Quarto Silencioso"
Tal e qual como referimos na aula de Psicologia, ao longo da introdução ao tema dos processos cognitivos da mente, assim como das sensações e da perceção, iremos abordar o tema do "Quarto Silencioso". Para melhor compreensão do tema a seguir abordado podes visualizar o vídeo indicado:
O "Quarto Silencioso", também conhecido como câmara anecoica foi criada em 2015 na sede da Microsoft em Redmond, Washington, tendo sido considerado o local com a capacidade mais próxima ao silêncio total. Por muito incrível que nos possa parecer, o recorde de permanência num local como este foi de apenas 45 minutos. No entanto, se tivermos em conta as características deste local único, talvez não pensemos da mesma forma… Sabendo que um sussurro humano equivale, aproximadamente, a 30 decibéis e que uma respiração mede cerca de 10 decibéis, então ficaremos impressionados, já que, aquando vazia, neste "quarto" foram registados impressionantes -20,6 decibéis, som que equivale ao atrito entre duas moléculas de ar a colidirem, à temperatura ambiente.
Esta câmara anecoica foi projetada e construída em 2 anos, já que era necessário instaurar-se o maior silêncio possível dentro de um local fechado. O ouvido humano consegue, em média, detectar sons até aos 0 decibéis, no entanto, o simples facto de não a captarmos não indica que não nos afete ou que não condicione a nossa estadia nesta sala. Já são muitas as alegações de indivíduos que permaneçam nesta sala de que a experiência, mesmo que parece calma e pacífica, é completamente desconfortável. Estas afirmações surgem do conflito e da confusão que esta sala é capaz de causar ao nosso cérebro, já que quando não respiramos dentro desta sala, por exemplo, somos capazes de ouvir as juntas dos ossos a moverem-se ou mesmo as batidas do coração, assim como a passagem do sangue nas veias.
Este local impressionante, mas ao mesmo tempo aterrador, é utilizado, hoje em dia, para a criação ou mesmo teste das novidades tecnológicas da Microsoft, como é o caso da Cortana, assistente de Inteligência Artificial da Microsoft, tradutor de línguas simultâneo, chamadas de voz, entre outros.
Mas porque é que o "Quarto Silencioso" se relaciona com Psicologia?
Como foi dito anteriormente, o máximo que alguém conseguiu permanecer dentro deste local foi de apenas 45 minutos, o que não é nada de estranho aos olhos dos estudos da Psicologia. Depois desse período, o cérebro humano alcança aquilo que é conhecido como os caminhos de transtorno da perceção, revelando uma tendência para alucinações. Após este período de tempo "limite" dentro desta cápsula isenta de qualquer ruído, o nosso cérebro entra numa busca incessante por ruído, o que leva à tensão no cérebro. Esta busca leva a que comecemos a ouvir todos os barulhos da única fonte de barulho dentro da sala, o nosso corpo. Temos a tendência a ouvir todo o nosso sistema a "comunicar-se", acabando mesmo por ouvir os batimentos do coração ou a passagem do sangue pelas veias.
Desta forma, podemos ver como é que a falta de ruído que nos é habitual no dia-a-dia, pode interferir com a capacidade de perceção de um indivíduo, acabando mesmo por nos fazer alucinar com alguns sons ou mesmo formas imaginárias. A perceção é então afetada com uma realidade imaginária que o nosso cérebro cria, influenciada por uma fator externo, o ausência de ruído, acabando mesmo por construir toda uma nova realidade "imaginada".
Vídeo: Conformity: Mind Field
Somos todos indivíduos únicos. Vivemos à nossa maneira. Nunca iríamos prescindir das nossas crenças apenas para nos adaptarmos aos outros… Ou será que sim? Neste episódio de Mind Field, demonstra-se a forte necessidade humana de adaptação e até onde as pessoas iriam para receberem a aceitação dos outros.
Neste episódio da série Mind Field, produzida e transmitida pela empresa Youtube, iremos observar como é que os fenómenos do Conformismo se apresentam na nossa sociedade onde a liberdade de crenças e de pensamentos se encontram tão vigente.
Michael Stevens, ao longo do episódio dois desta série ("Conformismo") irá nos apresentar o instinto humano de se conformar e se incluir na multidão, através da elaboração de inúmeras experiências, algumas delas célebres como é o caso da experiência de Solomon Asch. Sendo assim, sucintamente, o episódio irá demonstrar então um anfitrião, Michael, curioso pelos vários conceitos psicológicos e científicos em relação ao conformismo humano, destacando às várias pesquisas elaboradas na área.
Ao longo do programa iremos abordar inúmeros tópicos delicados, como práticas de justiça criminal ou a utilização de drogas alucinógenas, no entanto na tentativa de explicar os efeitos do Conformismo assentes na nossa sociedade. Ao longo destes tópicos mais delicado também irá abordar informações extra e conceitos que se tornam extremamente apelativos ao saber, como é o caso do fenómeno psicológico "cascata de informação": Ocorre quando as pessoas têm pouca informação sobre um acontecimento ou assunto, baseando-se em deduções que possam fazer baseadas nas ações das outas pessoas. Este fenómeno toma lugar no assunto mais controverso do episódio, o assassinato brutal em Nova Iorque de uma mulher, Kitty Genovese, onde podemos observar os efeitos do conformismo bem assente, principalmente, nas histórias publicadas pelos jornais da altura.
Mas porque é que o "Conformismo" se relaciona com Psicologia?
Apenas o simples o nome do episódio já é algo que se assemelhe à Psicologia, uma vez que retratamos os estudos célebres e as conclusões corroboradas por Solomon Asch, psicólogo norte-americano, no âmbito de avaliar a conformidade de um indivíduo face a um grupos social. Como já estudamos anteriormente, o conformismo é destacado como uma forma de influência social que resulta do facto de uma pessoa mudar o seu comportamento ou as suas atitudes por efeito da pressão do grupo. Neste episódio poderemos ver como tudo isto acontece, assim como o testemunho das pessoas que o fizeram levando a perceber o porquê de o terem feito, algo que a meu ver se torna imensamente curioso, uma vez que observamos como a nossa mente e instinto de pertença funcionam quando colocados numa situação de não pertença do grupo ou de constrangimento social.
Para além da experiência de Asch que, na minha visão, toma completa ênfase em todo o episódio, são também demonstradas outras experiências com o objetivo de demonstrar o conformismo tão assente na nossa sociedade. Algumas destas experiências são o teste da "Piada sem Graça", que consiste em contar uma piada num grupo de pessoas, sendo quatro destas tores pagos e outra um sujeito da experiência. Os quatro atores são pagos para se rirem de uma piada sem confusa e idiota, por forma a analisarmos o comportamento do sujeito experimental. O que analisamos em geral é sempre uma concordância e conformismo com o grupo, concordando com o facto de que a piada acaba então por ser boa e engraçada, quando na realidade não o é. Para além disto, o sujeito é então posto à prova, tendo que contar para um outro ator, que ainda não tinha entrado em cena, a piada confusa e descabida.
Para além destas experiências são realizadas muitas outras que tendem a analisar o comportamento conformista dos seres humanos quando colocados numa situação desconfortante em termos sociais, analisando sempre que os sujeitos experimentais acabam sempre por se conformar ao grupo e às suas crenças, destacando então a ideologia da influência social resultar na alteração comportamentos e crenças de um indivíduo, por forma a se encaixar ou conformar com o grupo social em que está instalado (Conformismo).
Livro: As Gémeas de Auschwitz
Eva Mozes Kor e Miriam Mozes, são gémeas idênticas, que sobreviveram às experiências genéticas conduzidas pelo médico Josef Mengele, em Auschwitz. Os seus pais, avós, irmãs mais velhas, tios, tias e primos não sobreviveram. Cerca de outros 1400 pares de gémeos foram alvo de estudo e tortura por parte de Josef Mengele, também conhecido como o Anjo da Morte. Após a salvação dos judeus, Eva fundou o Museu do Holocausto e Centro de Educação CANDLES que contribui para o empoderamento do mundo através da esperança, cura, respeito e responsabilidade, iluminando a história do Holocausto, Eva Kor, os gêmeos Mengele e outros sobreviventes.
O livro que vos venho falar é "As Gémeas de Auschwitz", da autora Eva Mozes Kor, sendo o livro que eu li a segunda edição da editora "Alma dos Livros", publicado a 20 de setembro de 2019, como se encontra na imagem acima. Esta edição alcançou então um Bestseller Internacional.
É um livro autobiográfico e, como tal, retrata a vida pessoal de Eva Mozes Kor e as suas vivências, juntamente com Miriam. O livro inicia-se com a representação da instauração do antissemitismo e a apresentação da sua família, que se destacarão como personagens principais:
- Alexander e Jaffa Mozes - Pais de Eva, Miriam, Edit e Aliz. Surgem na ação como um símbolo de esperança, pelo facto de fazerem com que Eva e Miriam lutem contra tudo e contra todos para os poder abraçar mais uma vez, e como um símbolo de inspiração, já que será a memória destas personagens que irá levar a que as mesmas gémeas criem a associação CANDLES por forma a marcarem o nome da sua família na história e contarem as atrocidades que foram obrigadas a viver.
- Edit e Aliz Mozes - Gêmeas mais velhas do casal e irmãs de Eva e Miriam. Apresentam-se distantes de Eva e Miriam inicialmente, no entanto, após a família perceber os perigos que correm com o início da Segunda Guerra Mundial, apresentam-se como um símbolo de proteção para as gémeas Eva e Miriam, já que a simples presença de Edit e Aliz junto de Eva e Miriam acalmam-nas e fazem-nas esquecer dos medos e terrores que presenciam.
- Eva Mozes e Miriam Mozes - Destacadas na obra como "As Gémeas de Auschwitz" e vão ser as personagens que irão desenrolar toda a ação, ou seja, serão as protagonistas.
São inúmeros os episódios desta obra, no entanto, gostaria de vos contar de forma muito resumida os capítulos mais importantes desta obra para vos situar um pouco no contexto que irei relacionar com a Psicologia:
- Estadia em Auschwitz - Passam-se alguns episódios exemplificativos das condições vividas pelos judeus nesta época, destacando-se então os guetos ou mesmo os campos de concentração, algo que toda a família de Eva, infelizmente, vivenciou. Este livro detalha a vida no campo de concentração de Auschwitz, dando enorme ênfase às experiências elaboradas pelo médico nazi, Josef Mengele. Este tópico aborda cerca de metade das páginas deste livro, pelo facto de ser a vivência mais aterradora de Eva. Nestes campos eram feitas inúmeras experiências com gêmeos e dá-se destaque ao estado em que estes mesmo ficavam após as suas experiências tendo citações de gêmeos que acabavam mesmo por morrer pelos ferimentos causados nas operações, algo que era favorecido também pelo estado em que muitos destes se encontravam (enorme fome e esgotamento).
- Salvação dos judeus e Viagem até Haifa - Resguarda-se em parte deste livro para a salvação épica dos judeus pelos soldados russos, demonstrando tudo aquilo que nunca imaginamos sobre a salvação como é o caso das extensas reportagens e repetições que eram feitas, obrigando muitos dos judeus a sair e voltar a entrar nos campos para serem filmados e reportados. Posteriormente, destaca-se a passagem até Haifa, Israel, onde Miriam e Eva prosseguem os cursos que nunca puderam fazer, ingressando em cursos militares, no entanto recusando sempre a utilização de armas letais ou de fogo.
- Epílogo de Eva - A autobiografia de Eva termina onde se inicia o grande Epilogo de Eva. Neste epílogo destaca-se a formação da associação CANDLES, assim como é que se deu todo o seu desenvolvimento, e a instauração do perdão aos nazis e a todas as tropas de Hitler. Este perdão surge como forma de acalmar a sua alma inquieta, insistindo na ideia de ser a única forma de viver sem a dor do passado, intitulando a sua história como notável de fé, de sobrevivência e de coragem.
Mas porque é que "As Gémeas de Auschwitz" se relacionam com a Psicologia?
Como podemos observar, a grande temática da obra escrita de Eva Mozes Kor, embora seja uma obra autobiográfica, é a Segunda Guerra Mundial e as condições a que os judeus eram obrigados a viver, assim como os locais desumanos em que foram obrigados a permanecer e a experienciar, tendo muitos deles morrido nestes campos macabros.
Como já estudamos neste ano, Stanley Milgram foi um dos protagonistas do desenvolvimento da Psicologia Social, tendo realizado experiências no âmbito da influência social extremamente controversas. Caso não se recordem, Stanley Milgram iniciou as suas pesquisas e o seu estudo mais aprofundado acerca da obediência, ou seja, a tendência das pessoas para se submeter e cumprir normas e instruções definidas e ditadas pelos outros, devido à controvérsia do porquê dos militares alemães terem exterminado milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial.
Ora, como podemos observar claramente, o tópico que intrigava e levou a Milgram estudasse a obediência, é exatamente o mesmo tópico que Eva Mozes Kor irá retratar durante grande parte da sua obra. De certa forma, Eva Mozes Kor, foca-se mais nas experiências macabras e desumanas realizadas por Josef Mengele aos gémeos que viveram nos campo de concentração, uma vez que foi uma das suas experiências de vida mais aterradoras, no entanto a questão de Milgram mantem-se na mesma bastante pertinente nesta situação. O que levou então Josef Mengele e todos os seus colaboradores cientistas alemães a praticar estas experiências mortais em milhares de gémeos?
Sendo assim, podemos então observar que a obra "As Gémeas de Auschwitz" se debruça muito sobre a questão de Milgram, onde podemos, de forma muito cuidadosa e pertinente, fazer uma relação entre a obediência cega vivida por Josef Mengele e os militares alemães que intrigavam Milgram. Deste modo, e com a leitura atenciosa da obra de Eva Mozes Kor, podemos destacar imensos pontos comuns com a experiência de influência social realizada por Milgram. Destacam-se então em ambas uma necessidade de transmitir a culpa ou as responsabilidades para o outro por forma a cumprir as normas e instruções induzidas por este mesmo indivíduo, destacando-se o fenómeno social da obediência.
Para além da questão da obediência, observada anteriormente, uma das temáticas mais adjacentes ao extermínio dos judeus é então a discriminação e o antissemitismo vivido pelos mesmo durante a Segunda Guerra Mundial. Ora, esta temática é então obrigatoriamente abordada pela autora Eva Mozes Kor na sua obra. No entanto, podemos também relacionar esta discriminação sentida pelos judeus com a Psicologia.
A discriminação é designada como o comportamento dirigido aos indivíduos visados pelo preconceito, ou seja, que são rebaixados, não recebendo o devido tratamento comparado a outro grupo social. Sendo assim, a discriminação é destacada como ações intencionais, injustas e injuriosas perante um dado grupo social. Na base da discriminação, encontramos o preconceito. Tanto uma como a outra se referem a conceito distintos, uma vez que:
- Preconceito - Relativo à estrutura geral de uma atitude e baseado em componentes cognitivas, emocionais ou comportamentais.
- Discriminação - Relativo ao comportamento que decorre do preconceito, ou seja, tem por base uma componente comportamental.
Porém, mesmo o preconceito se distinguir da discriminação, encontram-se necessariamente relacionados, já que, geralmente, na base dos comportamentos discriminatórios se encontra uma atitude nomeadamente preconceituosa.
Como podemos observar, dependendo da componente que dá origem ao preconceito, pode-se traduzir em: Estereótipos (Crenças generalizadas e baseadas numa componente cognitiva), Preconceito (Sentimentos sem fundamento e baseados numa componente emocional) e Discriminação (Ações negativas com base numa componente comportamental). Em relação à discriminação podemos ainda destacar que esta se encontra ligada ao tipo de preconceito que lhe está subjacente, ou seja, por exemplo, um preconceito racial, terá tendência a levar a um ato discriminatório perante pessoas de raças distintas, no entanto não se observa uma relação direta entre o preconceito racial (atitude preconceituosa) e a discriminação racial (ajuste dos comportamentos com base na raça das pessoas), ou seja, nem sempre um preconceito leva à formação de comportamentos discriminatórios.
Ora, os comportamentos discriminatórios apresentam-se mais intensos em situações de descontrolo, como é o caso de períodos de intensa crise económica e social, podendo se manifestar em diferentes níveis, no caso do extermínio dos nazis, estudado por Gordon Allport, que se fez sentir durante a Segunda Guerra Mundial, desdobrando-se em: 1. Expressões negativas sobre um dado grupo social (base da discriminação); 2. Evitamento de relações; 3. Medidas discriminatórias; 4. Agressões físicas; 5. Extermínio (nível máximo da discriminação). Sendo assim, e tomando a ideia de que um sujeito se encontrara em algum desses patamares, a probabilidade de este transitar para o nível seguinte era cada vez maior, segundo Allport.
Deste modo, podemos entender que a discriminação dos nazis, visível na obra de Eva, havia alcançado o patamar da discriminação mais elevado, ou seja, o extermínio de um dado grupo (judeus), tal e qual como Allport referiu nas bases da sua pesquisa, algo que também intrigou o psicólogo americano Stanley Milgram. Dado isto, entendemos então que as pesquisas relacionadas com a discriminação, que foram levadas a cabo por Gordon Allport, encontram-se coincidentes e descritas de forma direta na obra de Eva Mozes Kor, uma vez que podemos ver, nesta autobiografia, todo o processo e avanço do comportamento discriminatório, iniciando-se no preconceito e, consequentemente, na expressão negativa de crenças sobre os judeus (base da discriminação), até ao ponto mais elevado da tabela de discriminação, o extermínio em massa destes indivíduos.